terça-feira, 17 de abril de 2012

Pianista Aspira

Começou o seu treino a exatas 20 horas e 12 minutos do horário de Roma e aguçou minha imaginação sobre o que poderia fazer com que houvesse um aprendiz de pianista no prédio do hotelzinho de Florence. E tão dedicado a aprender as escalas!
Imaginei que pudesse ser o insistente aluno da Tia Celina cujas primeiras notas ouvi, da casa vizinha muitos anos atrás, disfarçando minha cara de embaraço por ter entendido que quem tocava era ela... Ou um jovem sonhador desejando ter, num futuro próximo, uma cantora de cabaré com pernas esguias sentada sobre o seu corpulento instrumento... Ou um desses músicos que estão espalhados pela cidade com os seus chapéus estrategicamente caídos e dando demonstrações de talento a ser descoberto... ou lapidado. Neste caso a localização é perfeita porque precisamos mesmo de um lapidador da envergadura de Michelangelo para termos alguma esperança!
Minha avó jurava que era uma mulher... não sei se pela leveza dos dedos ou pelas sucessivas paradas, certamente, para arrumar o cabelo. Agora também estou convicta que seja mulher porque conseguiu embalar o sono da minha avó da mesma maneira como as mães sem jeito, com um cantarolar destreinado mas cheio de boa vontade, fazem dormir os seus bebês.
Valeu, Aspira, me devolveu a insônia e, de quebra, me tirou da hibernação!