Começou o seu treino a exatas 20 horas e
12 minutos do horário de Roma e aguçou minha imaginação sobre o que
poderia fazer com que houvesse um aprendiz de pianista no prédio do hotelzinho
de Florence. E tão dedicado a aprender as escalas!
Imaginei que pudesse ser o insistente
aluno da Tia Celina cujas primeiras notas ouvi, da casa vizinha muitos anos
atrás, disfarçando minha cara de embaraço por ter entendido que quem tocava era
ela... Ou um jovem sonhador desejando ter, num futuro próximo, uma cantora de
cabaré com pernas esguias sentada sobre o seu corpulento instrumento... Ou
um desses músicos que estão espalhados pela cidade com os seus chapéus
estrategicamente caídos e dando demonstrações de talento a ser descoberto... ou
lapidado. Neste caso a localização é perfeita porque precisamos mesmo de um
lapidador da envergadura de Michelangelo para termos alguma esperança!
Minha avó jurava que era uma mulher... não
sei se pela leveza dos dedos ou pelas sucessivas paradas, certamente, para
arrumar o cabelo. Agora também estou convicta que seja mulher porque
conseguiu embalar o sono da minha avó da mesma maneira como as mães sem
jeito, com um cantarolar destreinado mas cheio de boa vontade, fazem
dormir os seus bebês.
Valeu, Aspira, me devolveu a insônia e, de
quebra, me tirou da hibernação!
Que saudade eu tinha deste blog! Adoro sua forma crítico-poética de escrever.
ResponderExcluirUm beijo!
Viva! Você voltou!
ResponderExcluir